segunda-feira, 8 de junho de 2009

(explosão)

acabo de ler "a hora da estrela". é a primeira vez que leio clarice lispector. tentei ler "a cidade sitiada" antes, mas achei denso, difícil, parei no meio.

com "a hora da estrela" foi diferente... recomendo! (especialmente para quem quer conhecer a autora, como eu).

a protagonista se chama macabéa e sua história é contada por rodrigo s. m., um autor fictício. deixo o próprio falar:

Se há veracidade nela - e é claro que a história é verdadeira embora inventada - que cada um a reconheça em si mesmo porque todos nós somos um e quem não tem pobreza de dinheiro tem pobreza de espírito ou saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que o ouro - existe a quem falte o delicado essencial.

Como é que sei que tudo o que vai se seguir e que ainda o desconheço, já que nunca o vivi? É que numa rua do Rio de Janeiro peguei no ar de relance o sentimento de perdição no rosto de uma moça nordestina. Sem falar que eu em menino me criei no Nordeste. Também sei das coisas por estar vivendo. Quem vive sabe, mesmo sem saber que sabe. Assim é que os senhores sabem mais do que imaginam e estão fingindo de sonsos.

Proponho-me a que não seja complexo o que escreverei, embora obrigado a usar as palavras que vos sustentam. A história - determino com falso livre-arbítrio - vai ter uns sete personagens e eu sou um dos mais importantes deles, é claro. Eu, Rodrigo S. M. Relato antigo, este, pois não quero ser modernoso e inventar modismos à guisa de originalidade. Assim é que experimentarei contra os meus hábitos uma história com começo, meio e "gran finale" seguido de silêncio e de chuva caindo.

...

Porque há o direito ao grito.
Então eu grito.

...

Quero antes afiançar que essa moça não se conhece senão de ir vivendo à toa. Se tivesse a tolice de se perguntar "quem sou eu?" cairia estatelada e em cheio no chão. É que "quem sou eu?" provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto.

ouvindo: velvet underground. all tomorrow's parties

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